Deus e Pai, o Senhor sabe que eu fui chamado e formado para ser Pastor, mas eu não tinha o chamado. Reconhecia isso e sabia que deveria suportar todos os comentários contrário a minha decisão, que era algo particular comigo e com o Senhor.
Quando mais jovem fui doutrinado a como ler e manusear a bíblia. Não era bem visto ter uma bíblia com aqueles chanfros com siglas dos livros, pois como jovem e Obreiro eu deveria dominar sobre os livros e até a posição delas. Pegar a bíblia de um membro e olhar o índice era um erro fatal e o Obreiro era questionado.
Fui doutrinado a não ler a bíblia deitado, inclinado e nem sem camisa. A fazer visitas nas casas e hospitais, pregar em cima da palavra, ser correto em tudo, como Obreiro inquestionável, irrepreensível e minha luta nisso era total.
A distância entre minha igreja e o supermercado é de 3 metros; Eu saía pra fazer compras com a bíblia debaixo do braço ou em uma das mãos. Aliás, se ía pra rua, tinha que levar a bíblia. Não era obrigatório, mas tinha certeza que se eu fosse pra um lugar, que não fosse ficar com as mãos ocupadas, precisaria da bíblia pra alguma emergência.
E roupas e comportamento? Jesus! Me lembro quando fui a igreja de calça, camisa e de chinelos… Meu Deus, não me lembro de uma palavra que o Pastor pregou, mas dos olhares e da chamada que levei por ir a igreja de chineles, me lembro até hoje! Comportamento… eu tinha que ser irrepreensível.
Cabelos cortados, sem barba, roupa bacana, fugindo da moda e até o modo de falar denunciava que eu era crente. Infelizmente ser crente hoje é algo pejorativo e estão tentando tornar o evangélico assim também.
Só ía a praia com Obreiros muito próximos, muito mesmo, para evitar as fofocas comuns de pessoas que não sabem a diferença entre amigo e irmão em Cristo; Aliás, irmandade é algo que não se prega mais né? todo mundo é amigo!
Amigo? Me lembro que o jovem não poderia abraçar Obreiro e muito menos dar tapinha nas costas. Não tinha esse lance de AMIZADE, éramos Obreiros. Uma pessoa escolhida pelo Senhor, para orientação espiritual e Obreiro só se relacionava (como amigo) com outro Obreiro. Quando digo relacionamento, digo sair junto pra se divertir, conversar.
Conversa essa meu Deus era algo espiritual, nada que não fosse edificante, relacionado a igreja, educacional ou prestação de serviços. Discutir na igreja sobre o final da novela, era motivo de perder o uniforme. Por que o Obreiro não deveria perder tempo com isso.
Em Cristo somos livres. Sim, livres da prisão do pecado, mas preso a fidelidade na Obra, por que o membro, o jovem e o Pastor, deveria nos ver como alguém com quem se deve confiar sem medo, sem preocupações.
Quando o Bispo Sergio Correa iniciou o Obreiros em Foco, mostrando que “Os Obreiros recebem o povo, faz Orientações, é o braço direito do Pastor”, na minha mente passou: Meu Deus, isso é marketing ou realmente somos isso mesmo? Não consigo me encaixar em tudo isso que disseram na matéria que eu sou! Meu Deus eu não faço isso tudo não, mas eu quero fazer, o que preciso? Qual é o caminho?
Sabe meu Deus, quanto mais eu procuro o Senhor, me vem lutas dentro da igreja, falta de respeito, acham que eu quero aparecer. Essa pessoa que luta contra mim, não deveria me dar as mãos para juntarmos, crescermos e mudar o mundo a nossa volta? lutar contra o mal?
Fica difícil meu Deus, entender como as coisas mudaram nesses meus últimos 20 anos. Sempre ouço alguém dizer que a igreja não muda. Sim, só o nome não mudar, mas dentro, tem muita coisa diferente.
Sabe, dia desses sabendo que como hoje, há necessidade de educação, trabalho e falta de tempo, criei uma possibilidade estudar um pouco mais sobre o Senhor, ler a bíblia e jejuar, mas ouço afirmações que tudo isso é religiosidade. Então o jejum e leitura da bíblia passou a não ser bom? Será que o Bispo que nos mandou separar 3 horas para orar e Jejuar está errado? Ou é certo apenas por que foi o Bispo que mandou?
Estou feliz por causa da minha formação. Tenho lutado para que o entendimento sobre o “amor pelas almas” não seja apenas pelos mundanos, gentios ou seculares, mas também para aquele que está ligado ao corpo de Cristo. Os chamo de meus irmãos, por que foi assim que fui orientado, pois se estamos em Cristo, sendo Ele o cabeça, então faço parte do corpo, tenho que amar os que são do corpo.
Sou feliz pelas coisas que aprendi e não troco por nada que é ensinado hoje. Mas será que já estamos nos fins dos dias meu Deus? O fim está próximo?
Busco respostas… Em nome de Jesus.
Alexandre.
Texto Retirado do blog: http://www.cristaodauniversal.com.br